Ao longo da sua relativamente curta história, Londrina teve nada menos que quatro estações rodoviárias, fora o atual terminal.
Foto: José Juliani |
A primeira rodoviária de Londrina foi construída pela Companhia Ferroviária São Paulo - Paraná (SPP), no início dos anos 30. Localizava-se na esquina das ruas Maranhão e Minas Gerais, em frente à atual Praça Willie Davids. Na foto acima, de José Juliani, a rodoviária é o maior prédio, à direita.
Foto: José Juliani |
Essa primitiva rodoviária supria a ausência do transporte ferroviário, enquanto a ponte sobre o Rio Tibagi, em Jataí, era construída. Foi construída totalmente em madeira, e dispunha de uma plataforma coberta, um depósito de cargas e uma estação telegráfica. Os ônibus da SPP transportavam os passageiros entre Londrina e Jataí, que desde 1932 era o final da linha para os trens da Companhia.
A Rodoviária atendia tanto os ônibus quanto os caminhões da SPP, enquanto não chegavam os trens.Da mesma forma que a maioria das estações ferroviárias da época, trazia o seu nome escrito no teto, para servir de referência para os aviões do Correio Aéreo Militar, implantado em 1931.
A SPP desativou sua estação rodoviária no mesmo dia em que foi inaugurada a estação ferroviária, 28 de julho de 1935.
Em 1933, o pioneiro Celso Garcia Cid e Mathias Heim, ex-chefe das oficinas da SPP, fundaram a Empresa Rodoviária Heim & Garcia, com capital de 100 Contos de Réis, e obtiveram em 15 de janeiro de 1934 a concessão para explorar as linhas de Londrina para Arapongas, Nova Dantzig (atual Cambé) e Rolândia.
Celso Garcia Cid prestava serviços para a SPP, transportando cargas diversas, principalmente dormentes ferroviários, em seu caminhão. Esse caminhão foi rapidamente convertidos em um ônibus, chamado popularmente de "jardineira", em Londrina, em 1934 (foto acima, de José Juliani), para assumir as linhas de passageiros. O primeiro ônibus de Celso Garcia Cid, batizado de "Catita", foi preservado e existe até os dias de hoje, no acervo do Museu da Viação Garcia.
Com a iminente desativação da rodoviária da SPP, a empresa Heim & Garcia construiu, em frente à estação da SPP, uma nova rodoviária, na atual Praça Willie Davids, bem em frente aos escritórios da Cia. de Terras Norte do Paraná (foto abaixo, de José Juliani).
foto: José Juliani |
Tanto a sociedade entre Heim e Garcia quanto a nova rodoviária tiveram vida bastante curta. O pessimista Mathias Heim não via, na verdade, muito futuro para uma empresa rodoviária no meio do sertão, que não dispunha de estradas adequadas. Como vinha do meio ferroviário, considerava os trens muito mais práticos e confiáveis.
Finalmente, em 1º de fevereiro de 1938, Heim vendeu sua participação na sociedade para José Garcia Villar, e a empresa passou então a se denominar Empresa Rodoviária Garcia & Garcia.
Praticamente na mesma época, a rodoviária foi transferida para a Praça Primeiro de Maio, no local onde hoje se encontra a Concha Acústica.
A nova rodoviária (foto acima), a terceira de Londrina, era tão simples e acanhada como a anterior. Com o aumento da demanda pelos ônibus, mesmo durante o racionamento de gasolina imposto pela Segunda Guerra Mundial, a rodoviária vivia superlotada e nunca deu conta de atender à população adequadamente. Na verdade, era uma estrutura claramente provisória (foto abaixo, de Yutaka Yasunaga - acervo do Foto Estrela).
Foto: Yutaka Yasunaka |
Com o fim da Guerra, houve um crescimento econômico generalizado no mundo, e plantar café virou um negócio espetacular. Os preços subiram rapidamente e fortunas foram criadas quase da noite para o dia. Isso transformou o próprio aspecto da cidade que, de uma cidade poeirenta de casas de madeira, com jeitão de faroeste americano, tornou-se um lugar sofisticado e chique, com direito a modernas e inovadoras construções, assinadas por arquitetos renomados.
De fato, na gestão de Hugo Cabral, na Prefeitura de Londrina, o então Secretário de Obras e Viação, Rubens Cascaldi, convidou o arquiteto João Batista Villanova Artigas para elaborar o projeto da nova estação rodoviária de Londrina.
Artigas era professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, e foi indicado por seu aluno, irmão de Rubens, Carlos Cascaldi que, posteriormente, viria a se tornar seu sócio.
foto: Yutaka Yasunaka |
A nova rodoviária de Londrina é um marco arquitetônico notável da cidade e foi uma das maiores obras do grande arquiteto, que viria a criar outras obras em Londrina, como o Cine Ouro Verde, o Edifício Autolon e a Casa da Criança.
A Rodoviária de Londrina integrou-se totalmente à Praça Rocha Pombo, que foi urbanizada, ocupando o espaço entre as estações ferroviária e rodoviária (foto abaixo).
Entretanto, a rodoviária tornou-se totalmente insuficiente para atender a cidade, com o decorrer do tempo. De fato, menos de 20 anos depois de ser inaugurada, já estava saturada.
Em 1976, Londrina elegeu Antônio Casemiro Belinatti como prefeito, e este convida o arquiteto Oscar Niemeyer para projetar uma nova estação rodoviária para a cidade.
Niemeyer elaborou um grandioso, mas caríssimo, projeto, de uma rodoviária de formato circular, com 50 plataformas para os ônibus, contrastando com as sete plataformas da rodoviária anterior.
Iniciadas em 1979, as obras exigiram a demolição das casas da Vila Matos, a antiga zona do meretrício, abaixo da linha férrea que, então , cortava a cidade. Era um espaço urbano central, mas, então, altamente degradado e decadente.
Alguns pilares foram erguidos, assim como algumas vigas da estrutura do teto, mas as obras acabaram sendo abandonadas devido a problemas de custo e falta de verbas. Depois de alguns anos de abandono, o Prefeito Wilson Moreira alterou substancialmente o projeto, para diminuir o seu custo, substituindo o teto de alvenaria, originalmente previsto, para uma cobertura metálica. A nova rodoviária, batizada como "Terminal Rodoviário José Garcia Villar", foi inaugurada em 25 de junho de 1988. Hoje dispóe de 55 plataformas para ônibus e é uma das melhores rodoviárias do Brasil.
A velha rodoviária permaneceu alguns anos em total estado de abandono, embora tivesse sido tombada como Patrimônio Histórico Estadual desde 1975. Finalmente, em 1993, o edifício foi restaurado e transformado no Museu de Arte de Londrina e, como tal, permanece até hoje.
Muito bom o blog!
ResponderExcluirtem muiiita informação hein!
parabens!
De uma olhada no meu blog sobre Jose Juliani em silveirah.blogspot.com
muito rica e completa essa história! muito bom!
ResponderExcluirNossa, lavei a alma!!! Um dia desses comentava onde era e como era a rodoviária qdo chegamos aq, em 1948. Ainda deixei uma pergunta: se alguém se lembrava dela e se tinha alguma foto.Eu achava q aquela teria sido a primeira. As pessoas ñ acreditavam q era onde hoje está a Concha Acústica. Feliz por ver essas fotos e recordar aqueles tempos. E poder mostrar às pessoas q ñ conheceram. Muití
ResponderExcluirssimo obrigada!!!
Nossa, lavei a alma!!! Um dia desses comentava onde era e como era a rodoviária qdo chegamos aq, em 1948. Ainda deixei uma pergunta: se alguém se lembrava dela e se tinha alguma foto.Eu achava q aquela teria sido a primeira. As pessoas ñ acreditavam q era onde hoje está a Concha Acústica. Feliz por ver essas fotos e recordar aqueles tempos. E poder mostrar às pessoas q ñ conheceram. Muití
ResponderExcluirssimo obrigada!!!
Ñ sei pq foi publicado duas vezes.
ResponderExcluirConteúdo perfeito. Deu para matar a saudade.
ResponderExcluir